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"O bom médico precisa antes ser uma pessoa boa."

  • Foto do escritor: Janine Diniz Fortuna
    Janine Diniz Fortuna
  • 9 de mar.
  • 2 min de leitura

Como se houvesse alguma dúvida

Faculdades perceberam que a formação de médicos exclusivamente técnicos não produzirá mais do que autômatos.

"O bom médico precisa antes ser uma pessoa boa."

(Mario Rigatto)

A conscientização de que a prática médica submetida a múltiplos fatores negativos tem perdido, nos últimos tempos, o senso de humanização, e que essa perda tem fragilizado a relação com os pacientes, foi o reconhecimento, até então despercebido, com algum atraso, da reação das melhores faculdades de Medicina para a introdução de disciplinas de humanidades nos seus currículos.

Essas escolas, felizmente, perceberam que a formação de profissionais exclusivamente técnicos não conseguiria produzir mais do que autômatos, que seriam muito brevemente atropelados pelo robô, porque, equiparados à máquina pela rigidez afetiva, seriam fragorosamente derrotados por ela como banco de dados invencível.

Na última sessão de um dos mais longevos programas de humanidades na saúde, do Hospital Samaritano do Rio de Janeiro, criação do venerável Ricardo Cruz, se discutiu justamente a formação de médicos humanistas.

Quando o debate abordou em que grau devemos nos envolver com o sofrimento dos pacientes, coloquei minha opinião de que o verdadeiro médico não disfarça sentimentos, porque, trabalhando com uma ciência biológica que não obedece a nenhum modelo matemático, a única chance que temos de tentar nos redimir é permitir que as pessoas percebam o quanto ficamos frágeis quando isso acontece.

Essa afirmação suscitou uma questão desafiadora: o que é o verdadeiro médico?

As respostas a essa pergunta apareceram espontaneamente:

"O médico de verdade é o que oferece ao paciente, naquela circunstância sofrida, o que ele gostaria de receber para si, ou para seus amados, quando adoecessem."

"O que é aquele que desperta confiança no paciente, garantindo-lhe que, em qualquer circunstância, o doutor saberá o que é melhor para ele, mesmo quando não houver mais o que oferecer?"

"O verdadeiro médico é o que está junto, o tempo todo."

E os jovens precisam entender que é um grande privilégio para o médico estar junto do seu paciente nas mais diversas situações, compartilhando angústia, expectativa, medo, esperança, tristeza e felicidade.

Cada vez mais as pessoas querem isso: alguém que esteja junto delas em todos os momentos.

Poucas vezes, quando uma reunião terminou, eu lamentei tanto que o tempo tivesse se encerrado.

Mas foi só quando me propus a escrever uma crônica contando daquela reunião que me dei conta de que nada de completamente original tinha sido dito, mas havia uma tal força naquelas afirmações que voltei a trabalhar com a certeza renovada de que é possível, sim, ser um verdadeiro médico.

E que maravilha não ter nenhuma dúvida do quanto isso vale a pena.

Texto publicado na coluna do dr. J.J Camargo

 
 
 

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