top of page
Janine_RGB-03.png

A Suíça e o paradoxo médico 🇨🇭

  • Foto do escritor: Janine Diniz Fortuna
    Janine Diniz Fortuna
  • 10 de out.
  • 3 min de leitura

A Suíça e o paradoxo médico: um país cheio de médicos, mas ainda com falta de médicos.


A Suíça é reconhecida como um dos países mais estruturados do mundo na área da saúde. Hospitais modernos, tecnologia de ponta, organização impecável , e um dos maiores índices de médicos por número de habitantes da Europa.

Ainda assim, o país enfrenta um paradoxo curioso: há médicos em abundância, mas ainda faltam médicos.


Situação atual da saúde na Suíça (dados atualizados)

  • Médicos: Em 2024, a Suíça contava com 42.602 médicos ativos, segundo dados oficiais da FMH.

    A densidade médica continua sendo de aproximadamente 4,6 médicos para cada 1.000 habitantes, conforme as estatísticas mais recentes da Federação.

  • População: A população suíça estimada para 2025 é de cerca de 8.967.407 habitantes.

  • Hospitais e leitos: De acordo com os dados oficiais mais recentes:

  • Em 2022, havia 278 hospitais no país, totalizando 37.970 leitos (fonte: swissstats.bfs.admin.ch).

  • Em 2023, o número passou para 275 hospitais e maternidades, com 37.925 leitos.


    A carência de médicos de família

Em especial, faltam médicos generalistas, os chamados médicos de família, que são a base da atenção primária.

Essa carência é mais evidente nas regiões rurais e cidades pequenas, onde o acesso ao atendimento básico é cada vez mais limitado.

Enquanto nas grandes cidades como Zurique, Genebra e Lausanne há boa cobertura, nas áreas mais afastadas é comum ver comunidades inteiras sem médicos de família fixos.

Outro fator importante é o envelhecimento da classe médica.

Uma parte significativa dos médicos de família já passou dos 60 anos, e muitos continuam trabalhando mesmo após a aposentadoria formal, simplesmente porque não há quem os substitua.


O paradoxo dos médicos estrangeiros

Ao mesmo tempo, há uma grande quantidade de médicos estrangeiros tentando entrar no mercado suíço.

E é aqui que o cenário se torna ainda mais complexo.

Muitos profissionais conseguem o reconhecimento do diploma, mas descobrem que isso não basta.

O reconhecimento dá o direito de exercer 🇨🇭 mas não garante o exercício.

Os hospitais suíços têm liberdade total para escolher quem contratar.

E, com o grande número de médicos interessados em trabalhar no país, eles estão em posição de escolher os perfis mais adequados às suas necessidades.


O que é “ter o perfil certo”

Esse “perfil ideal” vai muito além do diploma.

Inclui:

Domínio do idioma local (francês, alemão ou italiano);

Capacidade de integração cultural;

Comunicação eficaz com pacientes e colegas;

É importante lembrar que a Suíça conhece bem os países cuja formação médica é mais ou menos equivalente ao seu próprio padrão. Eles sabem exatamente onde a carga horária e o conteúdo da formação médica são compatíveis com o sistema suíço.


Com uma carga horária semanal intensa (entre 60 e 80 horas para residentes), eles valorizam a prática . Para eles, carga horária é sinônimo de aprendizado, ainda que saibamos que, na realidade, muitas dessas horas sejam gastas com tarefas burocráticas e não necessariamente com pacientes.


Um sistema de excelência que busca excelência

A Suíça é um país pequeno, mas com um sistema de saúde de excelência.

E, como todo sistema que alcançou um alto nível, ela pode se dar ao luxo de ser extremamente seletiva.

O país realmente precisa de médicos — especialmente em determinadas regiões e especialidades —, mas precisa de médicos certos para as funções certas.

O desafio, portanto, não está apenas em reconhecer o diploma, mas em compreender profundamente o sistema suíço e se preparar para ele.


Uma visão de quem vive o processo de perto

Trabalhando com médicos de toda a Europa, vejo diariamente que o maior erro é imaginar que basta ter o diploma validado para que as portas se abram automaticamente.

Não é assim.

A Suíça valoriza experiência, qualidade e adequação.

Por isso, cada detalhe — da formação ao idioma — faz diferença.


Conclusão

O paradoxo suíço ensina uma lição importante:

* não basta haver vagas; é preciso ter o perfil certo para preenchê-las.

A Suíça continua sendo um dos destinos mais desejados para médicos no mundo — e também um dos mais exigentes.

Compreender essa realidade é o primeiro passo para se inserir nela com sucesso.


Siga estes perfis para conhecer um pouco mais sobre a vida e o cotidiano na Suíça. São perfis que ajudarão você a entender melhor a realidade e as burocracias do país.

ree

 
 
 

Comentários


bottom of page